Minha receita secreta de bolo
No meio daquelas danças verbais foi nascendo o verão.
Antes que eu percebesse jogava fora todos os meus guarda-chuvas emocionais.
A água era boa, a temperatura era exata.
Os olhos mirando eram puro carnaval, e você era tão lindo que me deixava pasma.
Assim como cada letra calmamente virava palavra, cada palavra firmemente embebia os poros.
E no meio das rimas das suas palavras limpas me vi somente sua, poesia frouxa.
Despi a coerência e me despedi da coesão.
Me percebi coração e ri disso como um bom folião bêbado faria.
O timbre já era maior que o corpo.
O toque era somente vibração turbulenta e subjetivamente sensorial.
Me senti num poema de Fernando, com as roupas de Clarice.
A conversa era verso e eu não era contida.
Larguei os livros, te olhei de relance, entendendo plenamente o que era poesia palpável.
E assim te deixei ir...