sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

5:15

Calmamente trago meu cigarro, com a serenidade de um velho no fim da vida. Me despeço aos poucos daquele gosto de tabaco que marcou nos últimos anos minha boca. Não me desespero mais. A saudade já ocupa um lugar permanente dentro de mim. Eu a aceito, como prova de uma vida bem vivida. O desespero usual dá espaço para uma silenciosa serenidade. Só escuto os carros passando, não os vejo. Em algum lugar alguém acende um cigarro no mesmo segundo que eu apago o meu. Eu respiro fundo, com os pulmões cheios ainda, abarrotados de cenas. O temor consciente é calado, o inesperado é que arranca os agudos. Calmamente acendo mais um cigarro, com a ansiedade de uma criança distraída que vive se esquecendo que ainda é uma criança.